JERUSALÉM

Este blog visa inicialmente divulgar excertos de algumas das mais belas passagens das Sagradas Escrituras. Veremos também, em comentários, o que a Cabala e o Kardecismo nos dizem sobre isto. Conforme o blog puder alargar e diversificar os seus postuladores, esperamos chegar a incluir conteúdos de outros livros sagrados, nomeadamente o Corão e escritos induístas e budistas. JERUSALÉM quer assim ser um lugar de ecumenismo, para, modestamente, religar o que foi separado. BENVIND@!

sexta-feira, novembro 17, 2006

CÂNTICO DOS CÂNTICOS


Diálogo apaixonado

Cântico dos cânticos, que é de Salomão.


Ela
Que ele me beije com beijos da sua boca!
Melhores sao as tuas carícias que o vinho,
ao olfacto sao agradáveis os teus perfumes;
a tua fama é odor que se difunde.
Por isso te amam as donzelas.
Arrasta-me atrás de ti. Corramos!
Faça-me entrar o rei em seus aposentos.
Folgaremos e alegrar-nos-emos contigo;
mais que o vinho celebraremos teus amores.
Com razão elas te amam.
(...)

Ela
Enquanto o rei está em seu divã,
o meu nardo dá o seu perfume.
Uma bolsinha de mirra é o meu amado para mim,
que repousa entre os meus seios;
um cacho de alfena é o meu amado para mim,
das vinhas de En-Guédi.

Ele
Ah! Como és bela, minha amiga!
Como são lindos os teus olhos de pomba!

Ela
Ah! Como é belo o meu amado!
E como é doce,
como é verdejante o nosso leito!
Cedros são as vigas da nossa casa,
e os ciprestes, o nosso tecto.


Vem o amado

Eu sou o narciso de Saron,
eu sou o lírio dos vales.

Ele
Tal como um lírio entres as árvores
da floresta
é a minha amada entre os jovens.
Anseio sentar-me à sua sombra,
que o seu fruto é doce na minha
boca
(...)

Ela
fortaleçam-me com maçãs
porque eu desfaleço de amor
(...)

A voz do meu amado! Ei-lo que chega,
correndo pelos montes,
saltando sobre as colinas
O meu amado é semelhante a um gamo
ou a um filhote de gazela.
Ei-lo que espera,
por detrás do nosso muro,
olhando pelas janelas,
espreitando pelas frinchas.
Fala o meu amado e diz-me:
(...)


Sonhos de amor

Ela
No meu leito, toda a noite,
procurei aquele que o meu coração ama;
procurei-o e não o encontrei.
Vou levantar-me e dar voltas pela cidade
(...)
Mal me apartei deles, logo encontrei
aquele que o meu coração ama.
Abracei-o e não o largarei
até fazê-lo entrar na casa de minha
mãe,
no quarto daquela que me gerou.
(...)

Saí, mulheres de Sião, e admirai
o rei Salomão com o diadema
com que coroou sua mãe
no dia do seu casamento,
no dia de festa do seu coração.


Belezas da amada

Ele
Ah! Como és bela, minha amiga!
Como estás linda! Teus olhos são
pombas,
por detrás do teu véu.
O teu cabelo é como um rebanho
de cabras
que descem do monte Guilead;
os teus dentes são um rebanho de ovelhas,
a subir do banho, tosquiadas:
todas elas deram gémeos
e nenhuma ficou sem filhos.
Como fita escarlate são os teus lábios
e o teu falar é encantador;
as tuas faces sao metades de roma,
por detrás do teu véu.
O teu pescoço é como a torre de David
erguida para troféus:
dela pendem mil escudos, tudo broqueis dos heróis.
Os teus dois seios são dois filhotes
gémeos de uma gazela
que se apascentam entres os lírios,
antes que rebente o dia
e as sombras desapareçam.
Quero ir ao monte da mirra
e à colina do incenso.
Toda bela és tu, ó minha amada,
em ti defeito não há.
Vem do Líbano, aproxima-te.
Desce do cimo da Amaná,
do cume de Senir e do Hermon,
dos esconderijos dos leões,
das tocas dos leopardos.

Roubaste-me o coração, minha irmã e minha noiva,
roubaste-me o coração com um dos teus olhares,
com uma só conta do teu colar.
Como sao doces as tuas carícias,
minha irmã e noiva!
Muito melhores que vinho sao as
tuas carícias;
mais forte que todos odores
é a fragância dos teus perfumes.
Os teus lábios destilam doçura,
ó minha noiva;
há mel e leite sob a tua língua,
e o aroma dos teus vestidos
é como o aroma do Líbano.
(...)


Procurar o amado

Ela
Meu amado passou a sua mão
pela fresta
e as minhas entranhas estremeceram
por ele
(...)
Fui abrir ao meu amado
e o meu amado já havia desaparecido.
(...)
Eu vos conjuro, mulheres de Jerusálem:
se encontrardes o meu amado,
sabeis o que dizer-lhe?
Que eu desfaleço de amor.

Novo retrato da amada

(...)

Ele
Louvam-na as donzelas quando a vêem,
celebram-na rainhas e concubinas

Elas
Quem é essa que desponta como aurora,
bela como a Lua
fulgurante como o Sol,
terrível como as coisas grandiosas?
(...)


A dança do amor

(...)
Ele
Como és bela, como és desejável,
meu amor com tais delícias!
Esse teu porte é semelhante à palmeira,
os teus seios são os seus cachos.
Pensei:«Vou subir à palmeira,
vou colher os seus frutos.»
Sejam os teus seios
como cachos de uvas,
e o hálito da tua boca, perfume de maçãs.
A tua boca bebe o melhor vinho!

Ela
Que ele escorra por sobre o meu amado
molhando-lhe os lábios adormecidos.
Eu pertenço ao meu amado,
e o seu desejo impele-o para mim.
Anda meu amado,
corramos ao campo,
passemos a noite sob os cedros;
madruguemos pelos vinhedos,
vejamos se as vides rebentam
e se abrem os seus botões,
e se brotam as romazeiras.
Ali te darei as minhas carícias.
As mandrágoras exalam o seu perfume,
à nossa porta há toda a espécie de frutos,
frutos novos, frutos seco,
que eu guardei, meu amado, para ti.
(...)

Sob a macieira te despertei,
lá onde a tua mãe sentiu as dores,
onde sentiu as dores a que te deu à luz.
Grava-me como selo em teu coração,
como selo no teu braço,
porque forte como a morte é o amor,
implacável como o abismo é a paixão
os seus ardores são chamas de fogo
são labaredas divinas.

(...)

in "Bíblia sagrada para o Terceiro Milénio da Encarnação", Franciscanos Capuchinhos, Difusora Bíblica, 2000

foto:
www.analogia.org